V
Meses se passaram. Eu não tinha mas noticias de ninguém. Fui dada como desaparecida, aquilo me deixava triste, mas eu já tinha feito minha escolha, viver com ele naquele lugar, era o que eu queria, e eu sabia que essa escolha não seria respeitada por todos aqueles que faziam parte da minha antiga vida. Eu e ele estávamos muito envolvidos, eu me sentia preenchida, era feliz naquele lugar paupérrimo, sem o luxo e a riqueza que sempre me acompanharam, ao lado de alguém que nem de longe era o que eu sonhava pra mim, mas que agora me completava e me fazia feliz de verdade.
Tudo em nós era sincero, o dinheiro já não importava mais para mim. Ele vivia como podia pra me fazer feliz, carregava com ele as conseqüências das escolhas erradas que fez no passado, mas seu envolvimento com o mundo da criminalidade tinha acabado. Nós éramos felizes. Aquela felicidade me fazia sentir medo às vezes, eu estava sempre esperando que alguém viesse e destruísse tudo. E isso aconteceu, destruíram tudo.
Era noite estava preparando o jantar, por um instante parei e comecei a pensar na minha família, eles estavam a minha procura todo esse tempo, eu pensava em voltar, mas também sabia que voltar para eles significava abandonar um amor. Eu fiz a minha escolha, e eles jamais iriam entender. Eu estava certa, eles não entenderam minha escolha.
Nessa noite depois de um ano desaparecida fui encontrada, minha casa estava cercada de policiais, o local era pacato e escondido e eles armaram uma armadilha pra pegarem o meu seqüestrador, aquele que eu amava, o meu marido. Começaram a atirar, tiros que pareciam me perfurar, ah como eu queria que eles me perfurassem, mas eu não fui atingida. Ao abrir a porta encontrei o corpo do homem que roubou meu coração estendido no chão, eu gritei, tentei reanimá-lo,mas era em vão, ele estava frio como eu na noite em que dormimos juntos pela primeira vez, eu queria poder aquecê-lo com o meu corpo como ele fez comigo, mas não pude ele morreu.
Desde esse dia eu não sou mas a mesma, nem serei, não quero ser mais nada sem ele. Depois que o perdi voltei a sentir aquele vazio que me referi no início dessa carta. Hoje eu escrevo a vocês meus pais e aqueles que se diziam meus amigos a minha história, que vocês destruíram sem ao menos conhecer. Agora estou aqui só no meu quarto, em um jogo perigoso, munida de uma arma com uma bala só, apertando o gatilho incansavelmente até que essa bala me acerte fatalmente... roleta russa esse vai ser o meu fim. Adeus.
Phael Marques
*Baseado na música Russian Roullet
3 comentários:
Noossa, que história!
eu GOSTEI DEMAIS. Parabéns Phael :D
Valeu por ler e gostar,Lêh! ;D
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