De 2014 eu não esperava muita coisa, saberia que teria
aquilo que tenho, como o amor da família e amigos, a saúde, a paz de espírito,
a felicidade, enfim tudo aquilo que nós desejamos uns aos outros, eu já tinha e
acreditava que em 2014 continuaria tendo todos esses sentimentos que são
essências para nós, mas que na pressa do dia a dia parecem tão triviais, que
trocamos a sua significância por coisas insignificantes. Mal sabia eu que esse
ano me surpreenderia a ponto de me mostrar que nada é imutável, que as nossas
vidas podem estar hoje num lugar confortável, mas que em fração de segundos o
conforto pode dar lugar a insegurança que te faz levantar, repensar valores e
agir.
2014 veio e soprou uma mudança que tirou a mim e a minha
família de uma situação a qual estávamos todos acostumados. Perdemos a presença
forte de líder que o meu pai exercia sobre nós, foi um susto, um baque, foram
os dias mais dolorosos da minha vida, foram os primeiros dias do ano, foi o
triste cartão de boas vindas de 2014. Eu
descobri uma dor que não tem nome, descobri novas responsabilidades, descobri
que planos não são sinônimos de segurança, que viver um dia após o outro é a
melhor escolha, e que o tempo nem sempre cura tudo, mas que ele tem ótimos
paliativos para nossas dores, e aquela dor sem nome que eu senti nos primeiros
dias do falecimento do meu pai, transformou-se em uma saudade quando a
lembrança dele me abraça.
Mas depois dessa perda, eu ganhei
muita coisa boa, a própria perda me trouxe mais coragem, mais força , me fez
entender quem sou e o que quero para minha vida, e com quem quero seguir daqui
até os dias em que eu me torne uma lembrança. Escolher quem a gente quer ser
nunca é uma tarefa fácil porque toda escolha traz consigo a renúncia. E eu
renunciei para ser seguramente feliz e estar de bem com quem eu sou. Hoje sou
mais feliz e ganhei de presente uma pessoa que completa as ausências que havia
em mim!
Diferente dos outros finais que aconteceram em 2014, eu
cheguei a um final que saberia que iria acontecer. Enfim conclui os 4 anos e
meio do curso de Letras, e esse foi um fim alegre e aliviante. Apesar da
saudade do convívio que transformou os colegas em membros de uma grande
família, o final de um curso universitário é uma grande realização e um fim que
certamente me trará novos começos para colocar em prática o que aprendi e
continuar aprendendo com as novas vivências.
Se eu pudesse fazer um balanço de 2014, eu diria que foi um
ano positivo, sim, porque eu aprendi que a dor e a perda são professoras duras
que nos trazem conhecimentos imprescindíveis para aprender a viver, e todo
aprendizado é válido, por isso afirmo que tudo foi positivo, tudo me fez
crescer, e sou grato a Deus por tudo que vivi até aqui. Espero que 2015 me
surpreenda com o inesperado que faz das nossas vidas uma história única e linda
de viver, pois as surpresas são o que fazem a vida valer à pena!
Phael Marques
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