sábado, 15 de novembro de 2014

Sobre esperar

sábado, 15 de novembro de 2014

Todo mundo tem seus dias de crise, dias em que a paciência se esgota e que as reclamações saltam boca à fora. Essa é uma reação normal de nós seres humanos, seres racionais que de tão racionais sempre querem mais. E nessa busca por querer mais estamos sempre fadados à espera de algo que ansiamos, seja um amor, um trabalho, um bem material ou qualquer outra coisa que elegemos como meta a ser atingida.
O problema é que, como escrevi no início do texto, existem aqueles dias em que parece que a nossa esperança se esgota, então direcionamos as nossas reclamações ao ouvido mais próximo e disposto a nos escutar, afinal toda reclamação precisa ser ouvida. Mas nem sempre as pessoas estão dispostas a ouvir nossas lamúrias, nem sempre ouvimos o conselho que queremos depois das nossas queixas, nem sempre o outro entenderá os nossos protestos.
Desculpem-me pela expressão, mas de fato o ouvido do outro não é penico! É pretensioso demais achar que as nossas reclamações serão compreendidas e interpretadas como queremos, afinal, as reclamações são propriedades únicas e exclusivas de cada um de nós, elas são fruto daquilo que sentimos e vivenciamos todos os dias, elas nascem lá de dentro das nossas frustrações mais íntimas e por isso serão eternamente incompreendidas pelos ouvintes bem intencionados, mas desatentos à nossa dor.
Vale ressaltar que não somos uma ilha, não estamos sozinhos no mundo, convivemos com outras pessoas e dentre essas pessoas sempre haverá alguém em quem confiamos e que estará disposto a nos ouvir. É confortante ter um ombro amigo no qual podemos chorar, mas existe uma diferença entre desabafar uma vez ou outra e viver todos os dias reclamando, por isso é preciso maneirar na choradeira. Não faça do desabafo o seu discurso, pois a sua dor só será sentida e compreendida por você, e reafirmá-la para os outros não resolverá seus problemas.
Só quem espera longos anos por algo (e é preciso ressaltar, espera não é sinônimo de inércia) percebe e entende o quão penoso é aguardar a realização daquilo que custa a acontecer. Mas a esperança e a paciência é um exercício de fé, e a fé é como uma chama que só pode ser acesa por nós mesmos. Então a partir de hoje entre a fé e o murmurar, escolha continuar esperando e dividindo apenas com Deus os anseios que só ele pode resolver. Siga o que diz a canção: Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar!



Phael Marques

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