Eu, pierrô.

"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa."

Fernando Pessoa

Será que essas palavras são verdade, pois bem se não são, deveriam ser. Não é egoísmo da minha parte acreditar nisso, aliás se todas as pessoas (inclusive eu) realmente acreditassem nessas sábias palavras  seria muito mas fácil de lidar com esse sentimento que chamamos de amor. Coisa chata essa mania de ter que amar alguém, mais chato ainda é quando se ama e não é amado da mesma forma que se espera, e o pior é quando acendem as luzes e você acorda do sonho do amor inventado e aí sim é que se percebe aquilo que tá ali na sua cara, a outra pessoa não nutre por você o mesmo sentimento, e você teve ali o tempo todo tão disponível, tão entregue, como um pierrô disposto a fazer feliz a colombina, a  ser feliz com alegria dela. Na verdade ela sabe que o pierrô à ama, ela só não quer é acabar com o sonho dele, e na verdade faz bem pro ego dela saber que ele à ama mesmo que ela não corresponda esse amor. Pobre pierrô, quando ele vai aprender a amar a si mesmo, será que ele vai aprender, será que ele quer aprender? Todo espetáculo tem um fim, é hora de lavar a cara pintada, tirar do corpo a fantasia. O pierrô tem que sair de cena.

Te amo colombina.

Phael Marques

Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando...

Trecho da música "Pierrô apaixonado" de Noel Rosa.