Todo mundo tem seus dias de crise, dias em
que a paciência se esgota e que as reclamações saltam boca à fora. Essa é uma
reação normal de nós seres humanos, seres racionais que de tão racionais sempre
querem mais. E nessa busca por querer mais estamos sempre fadados à espera de
algo que ansiamos, seja um amor, um trabalho, um bem material ou qualquer outra
coisa que elegemos como meta a ser atingida.
O problema é que, como escrevi no início
do texto, existem aqueles dias em que parece que a nossa esperança se esgota,
então direcionamos as nossas reclamações ao ouvido mais próximo e disposto a
nos escutar, afinal toda reclamação precisa ser ouvida. Mas nem sempre as
pessoas estão dispostas a ouvir nossas lamúrias, nem sempre ouvimos o conselho
que queremos depois das nossas queixas, nem sempre o outro entenderá os nossos
protestos.
Desculpem-me pela expressão, mas de fato o
ouvido do outro não é penico! É pretensioso demais achar que as nossas
reclamações serão compreendidas e interpretadas como queremos, afinal, as
reclamações são propriedades únicas e exclusivas de cada um de nós, elas são
fruto daquilo que sentimos e vivenciamos todos os dias, elas nascem lá de
dentro das nossas frustrações mais íntimas e por isso serão eternamente
incompreendidas pelos ouvintes bem intencionados, mas desatentos à nossa dor.
Vale ressaltar que não somos uma ilha, não
estamos sozinhos no mundo, convivemos com outras pessoas e dentre essas pessoas
sempre haverá alguém em quem confiamos e que estará disposto a nos ouvir. É confortante
ter um ombro amigo no qual podemos chorar, mas existe uma diferença entre
desabafar uma vez ou outra e viver todos os dias reclamando, por isso é preciso
maneirar na choradeira. Não faça do desabafo o seu discurso, pois a sua dor só
será sentida e compreendida por você, e reafirmá-la para os outros não
resolverá seus problemas.
Só quem espera longos anos por algo (e é
preciso ressaltar, espera não é sinônimo de inércia) percebe e entende o quão
penoso é aguardar a realização daquilo que custa a acontecer. Mas a esperança e
a paciência é um exercício de fé, e a fé é como uma chama que só pode ser acesa
por nós mesmos. Então a partir de hoje entre a fé e o murmurar, escolha
continuar esperando e dividindo apenas com Deus os anseios que só ele pode
resolver. Siga o que diz a canção: Andar com fé eu vou, que a fé não
costuma falhar!
Phael Marques